Transposição de música, em terminologia musical, refere-se ao processo de se modificar a altura de uma nota ou coleção de notas por um intervalo constante. Quando se transpõe uma música, modifica-se também a tonalidade em que ela se encontra. Porém existem as modulações que podem ser curtas, ou seja, duram pouco tempo e logo já retornam à tonalidade original, ou podem se estender por muito tempo, mudando definitivamente a tonalidade da música.
Quando a música modula e não volta mais à sua tonalidade inicial, dizemos que houve uma transposição. Essa definição, porém, não é universal; muitos músicos chamam qualquer modulação de transposição e vice-versa. O importante é entender que, na essência, modular ou transpor são a mesma coisa: mudar a tonalidade.
Muitos músicos utilizam esse recurso quando a partitura, cifra ou tablatura está incompatível com a voz ou o instrumento tocado.
Porém, muitas músicas possuem mais de uma tonalidade, ou seja, elas mudam de um campo harmônico para outro.
Por exemplo, digamos que uma música possua os acordes C, Em, F, G, Am. Podemos concluir rapidamente que a tonalidade dessa música é Dó maior. Imagine agora que, no refrão, aparecessem os acordes Bb, Gm e Dm. Esses acordes pertencem ao campo harmônico de Fá maior, não de Dó maior. Ou seja, no refrão a tonalidade dessa música mudou, então dizemos que houve uma “modulação” nessa parte. Do ponto de vista da improvisação, utilizaríamos a escala de Fá maior no refrão, já que a tonalidade ali está em Fá maior.
Podemos realizar a mudança de tom da melodia apenas transpondo os seus intervalos. A imagem a seguir mostra a transposição da melodia dada para uma terça maior acima. Neste caso, basta calcular qual é a terça maior acima de cada nota:
Todavia, há um elemento interessante que pode nos ajudar: a relação da melodia com a sua tonalidade. A imagem seguinte mostra um trecho melódico na tonalidade de Lá maior. As notas mi-si-dó# são, respectivamente, os graus 5º, 2º e 3º da tonalidade inicial. Transpor isso em outra tonalidade significa “traduzir” os graus na nova tonalidade, tendo em vista as suas alterações (podemos dizer na sua armadura de clave). Vejamos:
A análise dos graus da harmonia é uma ferramenta essencial para a realização de uma transposição harmônica sem erros. Vejamos o exemplo a seguir, trata-se do começo da música “A thousand years”.
Antes de começarmos a transposição, fazemos a sua análise harmônico-funcional, ditada pelo contexto (em vermelho). A tonalidade original é Dó.
Sucessivamente, passamos a transportar os acordes na nova tonalidade, que queremos seja Fá. Sabemos que o IV grau de Fá é Bb; que seu acorde I/3 é F/A; que seu VIm é Dm e que seu V grau é C.
Em um primeiro momento escrevemos apenas os acordes (em azul) para, em seguida, proceder à transposição da melodia.
Sucessivamente, procedemos à transposição da melodia considerando a sua relação com cada um dos acordes originais. Por exemplo, a primeira nota da melodia resulta ser o 5º grau do acorde; a primeira nota do segundo compasso resulta ser a fundamental do acorde; a primeira nota do terceiro compasso resulta ser o 3º grau do acorde, e assim por diante (as notas estão indicadas na cor verde). Tendo em vista essas relações, procedemos à transposição da melodia à luz dos acordes da nova tonalidade: o 5º grau do acorde Bb é fá; a fundamental do segundo acorde é fá, e assim por diante.